quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Queremos viver


Que me perdoem os economistas, mas chegou a hora de nos deixarem em paz, de deixarem a sociedade decidir o seu destino, de deixarem que quem verdadeiramente sabe da vida siga o seu rumo e (re)construa aquilo que têm andado a demolir.

Sabemos que são muito bons a explicar o que aconteceu depois de ter acontecido, a analisar, a formular hipóteses, a utilizar o mesmo argumento para justificar descidas e subidas, a fazer projeções que sempre saem furadas e a encontrar desculpas para os erros das projeções. Mas agora deixem as pessoas que sabem e querem sonhar, que sabem e querem ousar, seguir as suas vidas. É que o progresso e o desenvolvimento sempre tiveram muitíssimo mais a ver com o sonho e a ousadia de uns quantos do que com a visão cinzenta e sempre defeituosa de qualquer analista.

É curioso ver que foi no tempo em que os políticos mandavam na economia (e não o contrário) que se lograram os mais ousados objetivos e se fizeram as coisas mais memoráveis. Tal pode ser dito não só do nosso pequenino país, mas também das atuais grandes nações do mundo. E é interessante ver que esses foram os políticos mais amados, os que ficaram para a história pela positiva.

Por outro lado, tristes são os políticos de hoje, totalmente dominados –  subjugados, diria eu – pela economia. Pensemos neste e no anterior governos, cujos verdadeiros primeiros ministros, os que na verdade mandaram ou mandam, foram os ministros das finanças. Que resultados medíocres! Quantos falhanços atrás de falhanços!

Políticos destes prestam um mau serviço à política e, o que é muito pior, ao país. São acusados de todos os males, sem saberem muito bem porquê, teimando em que cumpriram todas as regras da economia, convencidos de que tomaram todas as medidas “corajosas” que deveriam ter tomado, afiançando que fariam tudo de novo. Serão bons economistas (o que quer que isso seja), mas são fracos políticos. Não percebem que lhes falta visão e que para merecerem a esperança que neles o povo depositou é preciso ver muito além da economia. É preciso entender o pulsar das gentes. É preciso ousar! 

Haja alguém que lhes diga que se o fizerem a economia vem depois, e vem com muita força, porque se há coisa que todos queremos é viver.