quinta-feira, 19 de novembro de 2015

(Portuguese) Business as usual


Raramente escrevo sobre política no sentido estrito do termo pois, em sentido lato, tudo ou quase tudo é política. No entanto, faz-me tanta confusão o fato de termos um país adiado que não posso deixar de me admirar com certas posições dos nossos políticos aos quais, infelizmente, estamos entregues. Dirão aqui muitos que se estamos entregues é porque queremos, que podemos intervir, que podemos ser ativos, mas a realidade demonstra que, para além de alguns blogues irrelevantes (este, por exemplo) e posições mais ou menos indignadas no Facebook e outras redes sociais, os políticos “profissionais” seguem intocados.

Infelizmente, ter um país adiado não nos deveria surpreender. A verdade é que estamos assim há muito, pois normalmente pensamos primeiro em nós, depois nos negócios, depois nos interesses de grupos particulares e, por fim, tão por fim que se calhar nem nos lembramos disso, no bem do país. Mas isto já é demais.

Então agora a urgência desapareceu de um momento para o outro? Dizem alguns políticos (penso num, em particular) que tudo está bem, que estamos melhor do que há vários meses atrás, que os juros da dívida estão mais baixos, que os investidores estão confiantes e que, portanto, não precisamos de governo para nada.

Bom, sendo assim, para quê a democracia? Para quê eleições? Para quê discutir, planear, estabelecer linhas de ação, definir metas, ter ambições e trabalhar para elas, construir uma sociedade (conjunto de entidades que trabalham para o bem comum)? Basta pedir aos ‘economistas’ que façam as contas e que giram o país ou, melhor, o mundo.


Sinto-me triste por viver (ainda que agora até esteja no estrangeiro) num país assim, estragado pela tacanhez e falta de visão de uns poucos, em que tudo se adia por conveniência, em que se abdica das ambições, do futuro e, sobretudo, das pessoas porque, simplesmente, os mercados estão satisfeitos e aconselham a que continuemos subservientes. Afinal, estamos no chamado “business as usual”.