Gostava muito de viver num país que tivesse uma fundação que apoiasse a
ciência e a tecnologia, que verdadeiramente a incentivasse, que ajudasse
cientistas e investigadores a explorarem todo o seu potencial que, frequentemente,
só é explorado e valorizado quando eles se encontram fora do país. Aí sim, quando
emigram para outras terras que lhes dão condições e se destacam, é fácil dizer
que os nossos cientistas são excelentes.
Em vez disso, o que eu vejo é uma burocratização da ciência e da
tecnologia, que por vezes chega à raia da tirania processual, em que se obriga
investigadores a executar todo o tipo de manobras administrativas, em que se lhes
castiga com relatórios sem sentido, em que se antevê como que um deleite extremo
(há outra palavra para isto, claro) em encontrar um obstáculo inultrapassável,
sempre burocrático, à necessária liberdade e imprevisibilidade da ciência, em
descobrir que determinado procedimento não foi seguido, em chegar à conclusão
de que determinada despesa não é elegível porque não foi prevista quatro anos
atrás quando a proposta de projeto foi submetida. Que delícia! Isso é que é
fazer avançar o país!

