terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Está tudo ao contrário!


Agora que estamos em campanha para as eleições presidenciais torna-se-me ainda mais evidente a falta de objetividade e a confusão mental de muitíssimos (demasiados) portugueses.

Isto da falta de objetividade tem raízes longas, quiçá relacionadas com problemas estruturais da nossa educação, que se refletem na nossa cultura quer queiramos quer não. É por isso que ninguém se admira que se discuta qual o melhor adversário para as meias finais de uma competição quando nem sequer estamos nos quartos de final, que nos envolvamos em acalorados debates sobre hipotéticos factos (porque o importante é o debate de suposições, não a realidade), que nos deliciemos com a mera e remota probabilidade de que algo aconteça se este ou aquele não atingir os objetivos, numa eterna dependência em relação às decisões e/ou vicissitudes de outros.

Mas agora o que está a dar são as ideias dos candidatos a Presidente da República. Aos candidatos exigem-se ideias, tal como se eles se perfilassem para o poder executivo e viessem a estar à frente de um hipotético governo da nação. É importante ter ideias (lógico, não é?) e por isso cada um que explique o que vai fazer, como vai mudar o País, como vai “governar” a partir da Presidência da República.

Ora isso deviam-no ter feito nas legislativas, espremer as ideias aos candidatos, exigir-lhes planos de ação, pô-los entre a espada do voto popular e a parede da crise, estar preparados para lhes exigir responsabilidades mais do que promessas. Mas não, aos candidatos a Primeiro Ministro costumamos tratá-los como futuros candidatos a Presidentes da República, um último degrau antes de um final de carreira tranquilo.


Também nisto das eleições andamos sempre ao contrário!