Agora que estamos em campanha para as eleições presidenciais torna-se-me ainda mais evidente a falta de objetividade e a confusão mental de muitíssimos (demasiados) portugueses.
Isto da falta de objetividade tem raízes longas, quiçá relacionadas com
problemas estruturais da nossa educação, que se refletem na nossa cultura quer queiramos
quer não. É por isso que ninguém se admira que se discuta qual o melhor
adversário para as meias finais de uma competição quando nem sequer estamos nos
quartos de final, que nos envolvamos em acalorados debates sobre hipotéticos
factos (porque o importante é o debate de suposições, não a realidade), que nos
deliciemos com a mera e remota probabilidade de que algo aconteça se este ou
aquele não atingir os objetivos, numa eterna dependência em relação às decisões
e/ou vicissitudes de outros.
Mas agora o que está a dar são as ideias dos candidatos a Presidente da
República. Aos candidatos exigem-se ideias, tal como se eles se perfilassem
para o poder executivo e viessem a estar à frente de um hipotético governo da
nação. É importante ter ideias (lógico, não é?) e por isso cada um que explique
o que vai fazer, como vai mudar o País, como vai “governar” a partir da
Presidência da República.
Ora isso deviam-no ter feito nas legislativas, espremer as ideias aos
candidatos, exigir-lhes planos de ação, pô-los entre a espada do voto popular e
a parede da crise, estar preparados para lhes exigir responsabilidades mais do
que promessas. Mas não, aos candidatos a Primeiro Ministro costumamos tratá-los
como futuros candidatos a Presidentes da República, um último degrau antes de
um final de carreira tranquilo.
Também nisto das eleições andamos sempre ao contrário!

