À primeira vista, meteorologia e economia nada têm em comum. Há, no entanto, quem diga que a semelhança reside no facto de as condições meteorológicas dependerem tanto dos meteorologistas como a economia depende dos economistas: nada. Existe, no entanto, uma outra semelhança: quer meteorologistas quer economistas são proficientes a explicar o que se passou e frequentemente falham na previsão do que se vai passar. Por este motivo, também frequentemente, parecem mais artes de adivinhação do que respeitáveis ciências.
Já no campo das diferenças, muito mais há a dizer. Para além daquelas que resultam da natureza totalmente diversa do seu objecto de estudo, há uma que considero a mais marcante de todas: a diferença de atitude e comportamento que induzem nas pessoas, em face de uma catástrofe.
As catástrofes meteorológicas despertam, em regra, forças anímicas insuspeitadas e gigantescas ondas de solidariedade. Tomemos como exemplo a catástrofe que assolou a Região Autónoma da Madeira em 20 de Fevereiro de 2010. Chorando ainda as vítimas, o povo da Madeira uniu-se e ergueu-se acima de todas as adversidades, mostrando a sua indomável vontade de vencer. Por outro lado, todo o País se juntou, a todos os níveis, no apoio à Madeira.
Já em presença de catástrofes económicas a atitude é radicalmente diferente. Os interesses mesquinhos tornam-se mais mesquinhos, a exploração e o lucro a todo o custo trazem à superfície o que de pior existe nas pessoas e nas organizações. Pensemos nos resultados da catástrofe económica que assola o Mundo desde finais de 2008. Empresas com lucro despedem pessoal para reduzir custos e aumentar ainda mais os lucros. Entidades financeiras clamam por ajuda dos Estados e, logo que a obtêm, recusam-na a quem lhas pede. Os valores sociais quase desaparecem e tudo se passa a reger por uma lógica ainda mais cegamente economicista.
É interessante – e, infelizmente, trágica – esta diferença. E, afinal, pensando bem, nem deveria existir tanta diferença pois, quando toca a catástrofes, quer as meteorológicas quer as económicas têm as mesmas vítimas: as pessoas.
Guerra e paz
Há 8 anos
