Li há poucos dias num jornal de economia que, apesar da profunda crise económica que grassa em Portugal e no Mundo (mais no primeiro do que no segundo), determinada grande empresa portuguesa tinha conseguido obter, no ano de 2009, mil milhões de euros de lucro.
Naturalmente que tal facto era apontado como algo de muito positivo para a economia, dado que é de empresas sólidas que se faz uma economia sólida, blá blá blá blá blá blá, tal como todo e qualquer bom economista – daqueles que têm nas últimas décadas e, até, no último século, levado aos excelentes resultados do país – defende. Isto fez-me reflectir em três questões que passo a abordar.
A tese de que os grandes lucros são indicadores de economias sólidas não passa – em meu entender, que sou leigo, mas que tenho a meu favor não ser um iluminado economista responsável por crises económicas nacionais – de um enorme mito. De facto, a história mostra que é em épocas de crise profunda que os lucros crescem desmedidamente, assim como é nos países mais pobres que se encontram enormes fortunas. Não é por acaso que o fosso entre ricos e pobres se tem vindo a agravar fortemente neste nosso país há décadas em crise.
Naturalmente que o Estado – muito criticado por intervir e por não intervir – deveria, de alguma forma, exercer uma função reguladora, protegendo os mais fracos e moderando os mais fortes. É assim nos países desenvolvidos e ricos, onde o Estado funciona. É claro que, neste caso, só em impostos o Estado vai receber 100 milhões de euros, pelo que não há interesse em regular o que quer que seja. Se ao menos o contribuinte tivesse a certeza de que esse dinheiro seria bem usado, do mal o menos.
O que me espantou mais, acima de tudo, foi o facto de essa empresa ter, por diversas vezes, afirmado que os preços dos bens/serviços que iria prestar teriam que subir num futuro próximo, pois há um défice de facturação, no que foi logo secundada pela entidade reguladora do sector. Provavelmente por eu ser leigo, como já acima referi, é que não percebi. Pensava eu que se uma empresa dá tantos lucros é porque está a facturar de tal forma que consegue compensar todos os custos de produção e ainda lhe sobra dinheiro para investimento. Certamente que, na minha ignorância, estou enganado, e há mesmo necessidade de subir os preços. Ou isso ou então, em vez de défice de facturação, o que existe é um défice de decência.
Guerra e paz
Há 8 anos
